Em uma nova rodada de sequenciamento genômico do projeto “Mapeamento das variações genéticas do coronavírus (Sars Cov-2) em Goiás”, pesquisadores coordenados pela bióloga Mariana Pires de Campos Telles, professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC Goiás) e da Universidade Federal de Goiás (UFG), identificaram o avanço de uma mutação da variante Gama (encontrada inicialmente em Manaus e também conhecida como P.1.). Chamada de Gama Plus, a nova cepa traz a mesma alteração da variante Delta (encontrada inicialmente na Índia) em que o aminoácido prolina é substituído por outro, a histidina, o que preocupa pela maior velocidade em sua transmissibilidade.
A alteração genética dessa variante pode significar uma maior capacidade de contágio, explica a professora Mariana Telles, reforçando a necessidade de se manter as medidas de biossegurança como o distanciamento social, uso de máscaras, álcool 70, além da importância da segunda dose da vacina como forma de evitar o contágio e o surgimento de novas cepas do coronavírus.
O projeto de sequenciamento genético do Sars-Cov 2 vem sendo realizado desde julho de 2020 e conta com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade (INCT EECBio), da UFG.
A pesquisadora explica que, as amostras analisadas são provenientes de várias cidades do estado de Goiás. Em uma primeira rodada, foram sequenciadas 62 amostras, sendo encontradas 54 variantes do tipo Gama, uma Alfa (Reino Unido) e sete da Gama Plus. No segundo conjunto analisado, composto por 61 amostras, 40 eram do tipo Gama, 20 do Gama Plus e uma do B.1.153.
“Neste ritmo rápido e constante de mudanças do coronavírus, o sequenciamento de genomas é uma ferramenta necessária para o monitoramento da evolução do genoma do vírus, sua patogenicidade, suas modificações, adaptações e dispersão em uma epidemia. Com esse tipo de abordagem é possível avaliar a ocorrência e o surgimento de mutações e subgrupos de genomas virais, monitorar quais desses subgrupos estão presentes em determinadas regiões geográficas (municípios) e eventos de migração de determinados subgrupos genômicos entre regiões geográficas diferentes”, destaca Mariana Telles.
O estudo foi um dos selecionados em um chamamento público feito pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), com o objetivo de identificar projetos e inovação em todas as áreas do conhecimento produzidas no Estado, que pudessem contribuir para reduzir os impactos da pandemia de Covid-19.